quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Degradação dos Edifícios em Lisboa

Há políticos que não olham a meios para ficar para a História: embora todos, ou a maioria, queiram ficar pelos melhores motivos, infelizmente nem todos o conseguem. Sempre que podem, pretendem ficar para a posteridade pelas suas iniciativas ou ligações a grandes mudanças ou grandes obras. No entanto, talvez não fossem desajustadas outras escolhas, menos espectaculares e aparentemente mais simples, mas que - nem por isso - deixariam de ser tão ou mais importantes e significativas para os cidadãos que representam - quer a nível nacional, regional ou local.

Quando penso nisto ocorrem-me várias situações, porém a mais emblemática e mais próxima é, sem dúvida, o túnel do Marquês de Pombal. Não pretendo com isto discutir a sua utilidade nas actuais circunstâncias, não é o caso, mas penso que se o dinheiro que foi gasto nesta obra fosse canalizado para a recuperação das centenas ou mesmo milhares de edifícios degradados que existem por toda a cidade de Lisboa, com vista ao seu povoamento por pessoas que se vêem obrigadas a viver fora dela, conseguir-se-iam algumas vantagens não menores que as do referido túnel, a saber: se as pessoas vivessem na cidade deixaria de haver o movimento pendular de entradas e saídas, pelo menos com a actual dimensão; se houvesse menos pessoas a entrar e a sair, o nível de poluição baixaria porque diminuiria o número de viaturas em circulação, logo reduziria também a dependência externa em relação a este tipo de energia. Por outro lado, e provavelmente não menos importante, a cidade ficaria muito mais bonita depois de recuperados o seus edifícios, hoje degradados. E deixaria de ser, à noite, uma cidade fantasma e insegura como às vezes parece.

Seja como for, desde que conheço Lisboa nunca vi os seus imóveis tão degradados com nos últimos anos - direi mesmo, nas últimas décadas. E, até agora, ainda não dei conta de que algum presidente ou ex-presidente de câmara tivesse problemas de consciência por não ter feito, ou contribuído um pouco, para evitar o estado de degradação a que chegaram muitos imóveis da capital.

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