quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Cavaco Silva e as Greves Gerais

Ontem, dia da greve geral, algumas personalidades políticas referiram o facto de Cavaco Silva, presidente da república, não fazer qualquer referência a este facto: nem como presidente nem como candidato a novo mandato presidencial.
O mais curioso foi que um canal televisivo - RTP1 ou TVI? - exibiu ontem, dia 24/11, declarações de Cavaco Silva sobre a última greve geral organizada pelas 2 centrais sindicais em 1986, data em que era então primeiro-ministro, tendo este respondido ao jornalista que não havia greve nenhuma, pelo menos ele não dava por qualquer movimento nesse sentido. Sabendo que havia greve e tendo de certeza informação sobre números e pormenores, é estar a menosprezar os trabalhadores que se vêem obrigados a recorrer a esta forma de luta para ver conseguidos alguns passos nas suas reivindicações.
Será este o respeito que lhe merecem os trabalhadores portugueses?
Acho que todos temos de ter um pouco de respeito uns pelos outros e esta posição não encerra esse princípio.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Timor Ajuda Portugal

A notícia veio a público este fim-de-semana e surpreendeu-nos a todos: Timor anunciou o seu interesse em comprar dívida portuguesa através do seu fundo petrolífero.
Quando todos nós pensávamos que Timor não tinha meios financeiros para resolver os seus problemas internos mais básicos e imediatos, como a habitação, as estradas, o ensino ou a criação de emprego, mas eis a grande surpresa.
Está presente na mente de todos nós a grande simpatia e admiração que o Povo de Timor e os seus dirigentes granjearam em todo o mundo, reconhecendo o seu sofrimento e apoiando a sua luta.
Pois bem, passados que foram os terríveis anos da guerra de ocupação e conseguida a libertação, nada seria mais justo do que, numa primeira oportunidade, dar uma melhor vida àquele Povo que foi tão martirizado.
Porém, a opção parece não ter sido a de construir casas ou estradas, mas antes investir na dívida portuguesa.
Reconhecimento pelo apoio de Portugal na fase tão difícil que foi a reconstrução inicial de Timor, quase sem infraestruturas, quase sem Estado?
Se foi por isso, faço um esforço para compreender. Se não foi, terei de fazer um grande esforço para justificar que não seja dada prioridade à resolução dos problemas internos daquele (ainda) jovem País.

Uma sociedade desigual

Tenho alguma dificuldade em entender a lógica seguida por quem tem o poder de decidir neste país, quer seja na política, quer seja nas empresas.
Ao mesmo tempo que alguns gestores recebem prémios de desempenho, traduzidos em dezenas ou centenas de milhares de euros, para não dizer que em alguns casos, são milhões, há trabalhadores a quem são reduzidos os salários, e reformados a quem são também reduzidas as reformas.
A par de algumas famílias que estão a viver mal, privadas das coisas mais básicas e essenciais, há outras pessoas a viver bem, algumas não só por aquilo que ganham, como também por retirarem benefícios e privilégios, servindo-se do lugar que ocupam.
Curiosamente, algumas dessas pessoas são indiciadas e constituídas arguidas, chegam a ser exoneradas, e, dentro de algum tempo estão novamente em cargos de destaque.
Há casos em que algumas dessas pessoas saem das empresas com indemnizações de milhões de euros, e com direito a reformas chorudas.
Um ex-ministro defendia o envelhecimento activo, mas reformou-se aos 56 anos. Ou seja, envelhecimento activo para os outros, o que não foi levado em conta para o próprio.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Os submarinos de Portas e de Sócrates

No debate parlamentar de ontem, dia 2/11/2010, José Sócrates reportou mais uma vez a questão dos submarinos ao deputado Paulo Portas. Paulo Portas exibiu um documento onde consta que num governo anterior, do qual José Sócrates fazia parte, tinha-se aprovado a compra não de 2 submarinos, mas de 4.
Se a decisão de comprar 2 submarinos foi má, pensar em comprar 4, é péssima.
Só um pormenor joga a favor de Sócrates: é que não comprou nenhum e Paulo Portas comprou 2, e foi isso que ajudou muito a encravar o país.
E as contrapartidas, alguém me explica porque existem contrapartidas?
Ou esta expressão fará parte de algum jogo do qual nem todos compreendemos as regras?
Ou melhor, se são necessários 2 submarinos, que se comprem 2 submarinos, se houver meios para os pagar, mas que se comprem outras coisas ou outros serviços associados, não compreendo. E não serei o único a não compreender, de certeza.

País do tudo e do nada

Portugal é um país que dá tudo para alguns e nada para a maioria da população. A par dos milhões que dá para os gestores como o Mexia da EDP, para o Pinto da TAP e para o Penedos da REN, etc, está agora a tirar entre 5% a 10% aos funcionários públicos e a cortar nas reformas dos pobrezinhos, porque estamos numa crise profunda. Se há crise profunda, não vamos ser megalómanos e paramos com o TGV, com as terceiras auto-estradas Lisboa-Porto, com os prémios de milhões para aqueles senhores e para outros.

Da Tanga às "Calças na Mão"

A política portuguesa está a atingir os mínimos na linguagem que seria exigível para as pessoas de quem se espera algo mais da classe política: depois do país da tanga, de que estamos lembrados há alguns anos, chegámos agora ao país das "calças na mão", como se ouviu ontem no parlamento. É de lamentar mas caímos no ponto mais baixo. Isto não é linguagem de deputado nem linguagem que se use no parlamento. Isto é linguagem de tasca, de gente vulgar, para não dizer gente rasca.